CADEIRAS ANIMAIS


Design zoomórfico recria cadeiras e poltronas
Cadeira Formiga ou Elefante, poltrona Cobra ou Golfinho, Alce, Escorpião, Sapo, Camaleão… Criação do designer Thierry Chantrel, a coleção Wild Things da marca francesa de mobiliário Wild Design, não deixa ninguém indiferente, para dizer o mínimo.
Quem é ligado no reino animal vai achar graça e beleza onde outros poderão se sentir até ameaçados pelas feras (ou nem tanto) – mamíferos, cetáceos, répteis e insetos – que têm suas formas reproduzidas em mais de 40 modelos de poltronas, cadeiras e banquetas.
Feitas sob encomenda na fábrica de Bordeaux, com requintes artesanais e materiais (couros, madeiras, lacas, metais) de alta qualidade, as peças zoomórficas exaltam a natureza e, segundo divulga a griffe, se colocam na intersecção entre os mercados de luxo, mobiliário de design e arte (leia-se também preço à altura).
E já que “arte” foi mencionada para enquadrar os inusitados bichinhos e suas vistosas versões coloridas, cabe aqui saber um pouco mais sobre o kitsch, no sentido de “estilo artístico”, a que imediatamente nos remete esta curiosa expressão de zoodesign. Sem qualquer ofensa à fauna.
Kitsch – O termo kitsch é utilizado para designar o mau gosto artístico e produções consideradas de qualidade inferior. Aparece no vocabulário dos artistas e colecionadores de arte em Munique, em torno de 1860 e 1870, com base em kitschen, [atravancar], e verkitschen, [trapacear] (vender outra coisa no lugar do objeto combinado), o que denota imediatamente o sentido pejorativo que o acompanha desde o nascimento. (…)
Ainda que, muitas vezes, se fale no kitsch como um conceito universal – reconhecível portanto em qualquer época e estilo artístico -, a maior parte dos estudiosos encontra-o no seio da sociedade 
industrial, de feitio burguês, o que faz dele um dos produtos típicos da modernidade. (…)
Os artifícios do mundo burguês revelam-se nos produtos kitsch, confeccionados em geral com novos materiais que nunca se apresentam como são: a madeira é pintada imitando o mármore; os objetos de zinco, bronzeados; as estátuas de bronze, por sua vez, douradas. A norma consiste em utilizar matéria-prima considerada inferior – por exemplo, gesso, estuque, ferro e zinco – dissimulando-a para que pareça nobre. A técnica da simulação combina-se nas produções kitsch com a ornamentação rebuscada, com a associação de ampla gama de cores e com a distorção das dimensões da figura em relação ao objeto representado (por exemplo, 
o Arco do Triunfo em miniatura ou um rato gigante estilizado de bronze). Nota-se ainda a tendência ao exagero e à acumulação de elementos numa só composição. Nesse sentido, a arte kistch é essencialmente sincrética, alimentando-se de elementos retirados de diferentes escolas e artistas. Localiza-se, assim, nas antípodas da funcionalidade e do despojamento que caracterizam, por exemplo, as obras da Bauhaus. Longe da funcionalidade, as produções kitsch caracterizam-se pela gratuidade e por seu caráter eminentemente decorativo. (…)”
(Trechos do verbete Kitsch, da Enciclopédia Itaú Cultural de Artes Visuais)

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